Descobrindo Origens: O Complexo Caminho do Direito à Identidade Genética
- Dra. Catiucia Hönnicke OAB/SP 190.388
- 10 de fev. de 2024
- 3 min de leitura

No entrelaçamento da vida moderna, a medicina reprodutiva apresenta um quadro de esperanças renovadas para muitos casais. Simultaneamente, um questionamento ético emerge no horizonte jurídico e social: até que ponto o véu sobre os pais biológicos pode ser mantido, principalmente em uma era de crescente conscientização sobre a importância das raízes genéticas? Este artigo explora a complexidade e os desafios inerentes ao direito à identidade genética, uma questão que toca nas delicadas fibras da paternidade, privacidade e identidade pessoal.
O Direito à Identidade Genética: Uma Faca de Dois Gumes
Ao reconhecer a identidade genética como um direito fundamental, estamos abrindo as portas para que indivíduos adotados ou concebidos através de doação de gametas possam traçar suas linhagens biológicas. Este direito, que é uma intrincada malha que conecta biologia, identidade e história pessoal, é um instrumento tanto de autoconhecimento quanto de possível conflito.
Um Mosaico de Motivações e Consequências
Muitos procuram suas origens genéticas movidos por razões médicas, em busca de um histórico de saúde que os oriente sobre riscos hereditários. Outros buscam preencher um vazio, uma narrativa incompleta de quem são. Por outro lado, para os pais biológicos que optaram pela adoção ou doaram seus gametas, essa abertura pode significar o ressurgimento de um capítulo que acreditavam estar encerrado.
A Responsabilidade do Estado e a Proteção da Privacidade
Perante este cenário delicado, o papel do Estado é o de equilibrar os interesses, garantindo o direito à informação do indivíduo e resguardando a privacidade daqueles que, na sua esfera mais íntima, fizeram uma escolha. É aqui que as leis devem dançar com a delicadeza de quem lida com os segredos mais fundamentais das pessoas.
Legislação e Ética: Entre o Dever de Informar e o Respeito à Vontade
As leis em diversos países ainda estão se adaptando a essa realidade, com algumas legislações permitindo o acesso à identidade biológica sob certas condições, enquanto outras mantêm um bloqueio quase intransponível. Além disso, confronta-se a ética da anonimidade dos doadores, promessa feita no passado sob outras circunstâncias de entendimento social.
Impacto Psicológico e Familiar
Não é apenas uma questão legal, mas emocional. A descoberta de uma identidade genética pode resultar em um turbilhão de emoções para todas as partes envolvidas, demandando uma estrutura de suporte psicológico sólida para navegar essas águas muitas vezes turbulentas.
Conclusão: Tecendo Caminhos de Compreensão
Como sociedade, temos o desafio de tecer um caminho que honre tanto o direito à identidade genética quanto o respeito àqueles que permitiram a existência dessa nova vida sob termos distintos. Precisamos de um diálogo aberto, envolvendo comunidades, legisladores e especialistas em ética, para construir um sistema que atenda às necessidades do presente sem desmerecer as decisões do passado.
O debate sobre o direito à identidade genética é um convite à reflexão sobre o que nos define - é o DNA, a experiência vivida, ou uma intrincada combinação de ambos? A busca por essas respostas continuará a moldar a evolução do Direito de Família, em um esforço contínuo para alinhar as leis com as complexidades humanas do século XXI.
Catiucia Alves Hessler Hönnicke é Advogada, bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas/RS, especializada em Direito de Família e Direito Empresarial. Mestre pela Universidade Florida da Espanha, Palestrante. Membra do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), sócia-fundadora do escritório Hönnicke/Advogados. OAB/SP 190.388. Contato@honnicke.com e https://www.instagram.com/honnickeadvogados.
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